Largo de Camões em Ponte de Lima teve outrora outra configuração
Sabia que...
… O Largo de Camões é um dos locais mais frequentados de Ponte de Lima, tanto por moradores como por forasteiros. No entanto, este espaço tem a configuração atual há muito pouco tempo...
Se recuássemos à Idade Média, após a época da construção da muralha, aqui encontraríamos uma forte torre, que se alinhava com a ponte, protegendo a entrada na vila. Era a Torre da Ponte, também conhecida por Torre dos Grilos. Do lado de dentro da muralha encontraríamos habitações, quintais, recintos de animais domésticos... no exterior, um areal, semelhante ao de hoje.
E assim se manteve esta área até à demolição da torre e de parte das muralhas, já na segunda metade do século XIX. O espaço aberto foi aplanado, mas ficava, assim, ao alcance das cheias do Lima... que foi o que aconteceu no ano de 1909, quando o rio invadiu a parte baixa da vila. O paredão que se tinha erguido no século XVIII estava já sem função e não impediu a força das águas.
Pode imaginar a aflição das pessoas, vendo o rio a galgar espaço e a entrar por ruas, casas, quintais... decidiu-se então altear um pouco mais o largo, com novo pavimento. Mas no final dos anos 30, já no Estado Novo, novas obras vieram remodelar o largo: atulharam-se 3 arcos da Ponte o que fez o largo ganhar mais espaço, e mudou-se para aqui o chafariz renascentista, que ainda pode admirar refrescando o ambiente.
Os estudos arqueológicos levados a cabo no Largo de Camões revelaram antigas casas, o alicerce da Torre dos Grilos e os arcos da ponte soterrados na primeira metade do século XX, uma rua que levava ao areal ribeirinho e os alicerces e o poço da Casa do Patim, onde, reza a tradição oral, pernoitou D. Manuel I em 1502, aquando da sua peregrinação a Santiago de Compostela.
Se percorrer o largo, vai encontrar marcadas no atual pavimento as memórias dessas construções pretéritas e do traçado da antiga muralha... e pode imaginar como seria este espaço há tanto tempo!