Lenda da Capela de S. Sebastião


Conta-se que o caminho em direção às Mourelas era uma via a evitar quando o sol se punha. Um dia alguém da terra indo às tantas da noite para tapar a poça da água que havia de utilizar na rega do dia seguinte, ao passar à porta onde morava Silvana ouviu vozes e gritos. Aquilo parecia coisa do outro mundo! Não querendo tomar o sentido das palavras e dos gritos, só teve tempo para fugir, deixando enxada e botas pelo caminho!

Aquele era um lugar que todos temiam e que os mais velhos sabiam habitado por um frade que ali aparecia frequentemente. Houve quem dissesse que ouvira de dentro da casa vozes veladas que segredavam para os passantes que não deviam passar por ali a desoras. Há muito que se temia o lugar à noite, pois dizia-se que o frade que ali aparecia era o mesmo que tinha sido assassinado há muito tempo na antiga Capela de S. Sebastião, enquanto celebrava a Santa Missa.

O estranho acontecimento era assunto pouco chamado aos serões de Inverno. O certo é que todos sabiam, pelo menos os mais velhos, desse homicídio hediondo! O que ninguém sabia era a razão de tão tresloucado gesto do assassino! Já matar o frade era mau sinal, agora dentro de um lugar santo, como era o da capela! Depois daquele dia todos temiam o pior. Se o criminoso foi preso, tal não era suficiente para desagravo do acontecido. A capela foi interdita ao culto por causa do pecado ali cometido.

Passou-se algum tempo, e a capela ali erguida, apesar de fechada e interdita, impressionava pela lembrança. Os habitantes de Nogueira já tinham encontrado um novo lugar de culto, na capela da Quinta dos Cunhas, que mais tarde viria a ser a Igreja paroquial, mas tinham que dar uma solução à capela amaldiçoada. Até que um dia resolveu o povo e o clero desmontar a capela e transferi-la para outro local, onde ainda hoje se encontra, juntamente com o seu Pelourinho. Alguma da pedra aparelhada ainda ficou lá para os lados do valado da bouça, no caminho da entrada da Quinta da Mourela.

A capela saiu do local do crime, mas as vozes do pobre frade assassinado ainda hoje clamam por desagravo ou justiça!

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