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Lenda do Portão de Crasto


Quem passa junto à Quinta do Crasto, em Friestas, depara-se com um monumental portal carregado de história e de mistério. Todos os que por ali passam ficam extasiados pela beleza do portal, coroado e encimado por belas ameias e cruzeiro, lembrando os privilégios e benefícios de D. Afonso Henriques e de D. Dinis aos habitantes daquela terra.

O povo dali já se maravilhava com os efeitos que o sol desenhava quando se soltava por detrás das cumeadas das montanhas e deixava estender manchas luminosas pelos campos do antigo couto monástico. Os antepassados não deixaram de notar tal fenómeno, vendo nas luminosas manchas o brilho que refulge por entre os vitrais das igrejas e pelas frestas austeras das casas. Era tal a semelhança, que com o tempo a povoação começou a ser conhecida como «Frestas» e mais tarde «Friestas», nome que ainda hoje conserva!

Mas se a terra se apropriava daquela forma do sol nascente, afirmando-se como local de luz a salientar em tonalidades de cor as sombras recortadas das montanhas, ela veio também a tornar-se campo seguro e de repouso para os perseguidos e perdidos pelas sombras deste mundo.

Contam os antigos que qualquer condenado que conseguisse chegar junto do Portal da Quinta de Crasto ficaria livre da sua pena. Assim se justificava a grandiosidade do portal em lugar tão inóspito. Tocar nas pedras que davam forma à beleza do portal era o suficiente para apagar todo o crime e toda a perdição.

A propósito deste privilégio, conta o povo de um terrível acontecimento que se deu na vizinha freguesia de Gondomil. Um homem havia discutido com um vizinho a propósito de umas estremas. Não estava um homem de acordo com a posição dos marcos, julgando-se roubado pelo vizinho, que aproveitara, segundo ele, as últimas lavradas para aumentar a parte que lhe cabia. Como entraram em contenda acesa, o tal homem que se afirmava roubado, não hesitou, provocado pelo desprezo do vizinho, em puxar da enxada e desferir um golpe que matou o seu adversário.

Quando chamaram os homens da guarda da rainha para prender o homicida, este deu a correr para a freguesia de Friestas, fugindo às autoridades. Ninguém o incomodou nessa fuga desesperada, até que se agarrou ao Portal da Quinta de Crasto. Chegou o povo e os guardas e cercaram-no, pedindo que se entregasse. Mas ele, invocando os direitos e privilégios daqueles que se protegiam junto do tal portal, viu o crime ser perdoado.

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