O Padre Sábio da Giesteira
Diz a lenda que, em tempos remotos, houve um padre conhecido como «o sábio da Giesteira». A todos causava admiração a sua inteligência e dotes oratórios! Mas o que mais impressionava os que o conheciam era a capacidade de prevenir acontecimentos e de ajuizar dos elementos da natureza, bem como de ser provido de uma imaginação invulgar.
O nome de «sábio» foi-lhe dado pelas pessoas mais idosas do povo, ao verificaram que as inovações que o padre havia previsto no passado, como as novas estradas, o caminho-de-ferro, os aviões, etc., vieram de facto a acontecer.
Conta-se que um dia de Verão, em pleno mês de Julho, ia o Padre da Giesteira a passar junto a uma eira de um lavrador, que estava a fazer uma malhada de centeio. Como o padre levasse o criado com uma croça de palha no braço — que era o guarda-chuva desse tempo —, a gente da malhada começou a rir-se, em forte gargalhada. O padre virou-se então para o criado, perguntando-lhe a razão de tal risota! O criado fez notar ao seu patrão que estavam em Julho, e que as pessoas se riam porque levavam consigo uma croça!
Foi então que o Padre parou e disse para o criado:
- Vai lá dizer-lhes que ponham uns molhos de palha no fiando da eira, porque daqui a uma hora, caso não façam isso, podem não ter lá centeio nenhum!
Os que estavam na malhada nem queriam acreditar que estavam a receber tal conselho! Mas o certo, é que dali a uma hora veio uma tal tromba de água, que levou todo o centeio que já tinham malhado pela eira fora!
Com estas e outras maravilhas, crescia a fama do Padre da Giesteira. Eram tão grandes os feitos e tão doutos os sermões, que a sua fama chegou ao conhecimento da Corte! Não esperaram pela demora os responsáveis pelos serviços do Rei para o convidar a pregar perante toda a Corte.
No dia aprazado reuniu com curiosidade e expectativa a Corte, onde os rumores sobre a personagem do Padre cresciam enquanto o esperavam. Eis então que surge um padre de tal maneira mal vestido e com um capote tão velho, que logo julgarem por bem retirar a cadeira que lhe estava destinada! O Sábio Padre não se atrapalhou. Chegando perto do local onde deveria pregar, vendo que a única cadeira disponível havia sido retirada, tirou das costas o capote e, dobrando-o, sentou-se em cima dele! Quando chegou a altura de ir pregar, ninguém o ajudou a subir ao púlpito, como era costume. Depois de subir debaixo de um burburinho maldizente, e de, por breves momentos, fixar a ilustre assembleia, começou o sermão da seguinte maneira:
“Padre da Giesteira
Que nasceu entre os giestais,
Que irá aqui dizer
A tantas pessoas Reais?”
De tal forma seguiu o sermão, que o silêncio, que se fazia nas frequentes pausas exigidas pela oratória, incomodava por tão acutilante que parecia! Falara o sábio Padre tão bem, que no fim todos os que estavam próximos do púlpito o queriam ajudar a descer! A estes respondeu o imperturbável sacerdote que para subir é que era preciso ajuda. Para descer já não precisava!
Regressou o Padre ao local donde saíra, e lá encontrou cómoda cadeira onde se sentar. Mas ele, dobrando novamente o velho capote, voltou a sentar-se em cima dele!
O nome de «sábio» foi-lhe dado pelas pessoas mais idosas do povo, ao verificaram que as inovações que o padre havia previsto no passado, como as novas estradas, o caminho-de-ferro, os aviões, etc., vieram de facto a acontecer.
Conta-se que um dia de Verão, em pleno mês de Julho, ia o Padre da Giesteira a passar junto a uma eira de um lavrador, que estava a fazer uma malhada de centeio. Como o padre levasse o criado com uma croça de palha no braço — que era o guarda-chuva desse tempo —, a gente da malhada começou a rir-se, em forte gargalhada. O padre virou-se então para o criado, perguntando-lhe a razão de tal risota! O criado fez notar ao seu patrão que estavam em Julho, e que as pessoas se riam porque levavam consigo uma croça!
Foi então que o Padre parou e disse para o criado:
- Vai lá dizer-lhes que ponham uns molhos de palha no fiando da eira, porque daqui a uma hora, caso não façam isso, podem não ter lá centeio nenhum!
Os que estavam na malhada nem queriam acreditar que estavam a receber tal conselho! Mas o certo, é que dali a uma hora veio uma tal tromba de água, que levou todo o centeio que já tinham malhado pela eira fora!
Com estas e outras maravilhas, crescia a fama do Padre da Giesteira. Eram tão grandes os feitos e tão doutos os sermões, que a sua fama chegou ao conhecimento da Corte! Não esperaram pela demora os responsáveis pelos serviços do Rei para o convidar a pregar perante toda a Corte.
No dia aprazado reuniu com curiosidade e expectativa a Corte, onde os rumores sobre a personagem do Padre cresciam enquanto o esperavam. Eis então que surge um padre de tal maneira mal vestido e com um capote tão velho, que logo julgarem por bem retirar a cadeira que lhe estava destinada! O Sábio Padre não se atrapalhou. Chegando perto do local onde deveria pregar, vendo que a única cadeira disponível havia sido retirada, tirou das costas o capote e, dobrando-o, sentou-se em cima dele! Quando chegou a altura de ir pregar, ninguém o ajudou a subir ao púlpito, como era costume. Depois de subir debaixo de um burburinho maldizente, e de, por breves momentos, fixar a ilustre assembleia, começou o sermão da seguinte maneira:
“Padre da Giesteira
Que nasceu entre os giestais,
Que irá aqui dizer
A tantas pessoas Reais?”
De tal forma seguiu o sermão, que o silêncio, que se fazia nas frequentes pausas exigidas pela oratória, incomodava por tão acutilante que parecia! Falara o sábio Padre tão bem, que no fim todos os que estavam próximos do púlpito o queriam ajudar a descer! A estes respondeu o imperturbável sacerdote que para subir é que era preciso ajuda. Para descer já não precisava!
Regressou o Padre ao local donde saíra, e lá encontrou cómoda cadeira onde se sentar. Mas ele, dobrando novamente o velho capote, voltou a sentar-se em cima dele!
Meio envergonhada pela atitude que tomou anteriormente, meio admirada pela coragem e inteligência daquele homem, a Corte propôs que pedisse o que desejasse. Esse seria o preço de tão admirável acontecimento. Pediu o «Sábio da Giesteira» que a sua residência fosse considerada «Couto», benefício que lhe foi logo concedido.