Lenda de D. Sapo
Era uma vez um fidalgo chamado D. Florentim Barreto, a quem o povo alcunhara de D. Sapo, senhor de um solar torreado e de vastas terras de lavoira, situadas na freguesia de Cardielos, cerca da Viana e das águas do Lima.
Todos os seus servidores o odiavam, pois exercia sobre eles um poder injusto e cruel.
Mas, sobretudo, o que mais lhe alimentava o ódio era o direito a que D. Sapo se arrogava de passar, com as noivas dos seus criados, a primeira noite de núpcias.
Obrigado a submeter-se a costume tão infame, qualquer novo casal constituído sofria, todavia, em silêncio, a luxúria de D. Florentim Barreto, sem ter coragem de se revoltar contra ela, temerosa da miséria e mesmo da morte.
Uma ocasião, um jovem empregado seu, vendo próximo o casamento e não podendo suportar que a sua amada fosse submetida à violência do amo, reuniu os seus companheiros e convenceu-os, sobretudo os mais velhos e respeitáveis, a demandar a Corte, denunciando a El-Rei a vilania do fidalgo e pedindo, para ele, um castigo severo.
Eles sabiam que D. Florentim tinha grandes amigos influentes na Corte, capazes de defender, perante o soberano, a sua vida e os seus hábitos, jurando-o inocento.
Por isso usaram de manha.
Aos pés do rei, rogaram-lhe a mercê de se libertarem, pela morte, de um sapo que, em suas terras, roubava a donzelia às raparigas e tiranizava todo o povo da região.
Espantou-se o rei com pedido tão singular e, sorrindo da ingenuidade das gentes de Cardielos, concordou que matassem, à sacholada, sapo tão daninho.
Regressaram os enviados deveres contentes com a decisão real e logo convocaram os braços válidos da freguesia para, munidos de sacholas, assaltarem o solar e darem morte rápida a D. Sapo.
D. Florentim foi apanhado de surpresa nos seus prazeres favoritos e, com um grito, tombou, inerte e crivado de golpes, no chão do quarto onde praticara tanto crime horrendo.
Pôde, assim, o jovem noivo, esperto e ousado, libertar a pureza da sua noiva dos desejos repugnantes de D. Sapo.
E libertar, igualmente, e de vez, todo o povo de Cardielos das garras do fidalgo.
Mas os amigos de D. Florentim Barreto, ao saberem do atrevimento da justiça popular, logo correram à Corte, a reclamar, de El-Rei, a condenação dos prevaricadores.
Zangou-se grandemente o soberano com esta rebelião sangrenta e ordenou que viesse à sua presença quem cometera tão grave desacato.
Então, os considerados culpados replicaram, perante ele, que haviam recebido, da boca do próprio rei, a ordem de morte de D. Sapo, pois só por este nome conheciam D. Florentim.
E que os motivos das suas queixas eram verdadeiros.
Ouviu El-Rei, ponderadamente, os argumentos das gentes de Cardielos.
E disse-lhes:
- Ide em paz para as vossas terras.
O dito dito. Palavra de Rei não volta atrás.
Feliz com o desenlace, o povo tratou de destruir a torre e o solar de D. Florentim Barreto, para que não restasse memória, nem do fidalgo nem dos seus atos condenáveis.
Todos os seus servidores o odiavam, pois exercia sobre eles um poder injusto e cruel.
Mas, sobretudo, o que mais lhe alimentava o ódio era o direito a que D. Sapo se arrogava de passar, com as noivas dos seus criados, a primeira noite de núpcias.
Obrigado a submeter-se a costume tão infame, qualquer novo casal constituído sofria, todavia, em silêncio, a luxúria de D. Florentim Barreto, sem ter coragem de se revoltar contra ela, temerosa da miséria e mesmo da morte.
Uma ocasião, um jovem empregado seu, vendo próximo o casamento e não podendo suportar que a sua amada fosse submetida à violência do amo, reuniu os seus companheiros e convenceu-os, sobretudo os mais velhos e respeitáveis, a demandar a Corte, denunciando a El-Rei a vilania do fidalgo e pedindo, para ele, um castigo severo.
Eles sabiam que D. Florentim tinha grandes amigos influentes na Corte, capazes de defender, perante o soberano, a sua vida e os seus hábitos, jurando-o inocento.
Por isso usaram de manha.
Aos pés do rei, rogaram-lhe a mercê de se libertarem, pela morte, de um sapo que, em suas terras, roubava a donzelia às raparigas e tiranizava todo o povo da região.
Espantou-se o rei com pedido tão singular e, sorrindo da ingenuidade das gentes de Cardielos, concordou que matassem, à sacholada, sapo tão daninho.
Regressaram os enviados deveres contentes com a decisão real e logo convocaram os braços válidos da freguesia para, munidos de sacholas, assaltarem o solar e darem morte rápida a D. Sapo.
D. Florentim foi apanhado de surpresa nos seus prazeres favoritos e, com um grito, tombou, inerte e crivado de golpes, no chão do quarto onde praticara tanto crime horrendo.
Pôde, assim, o jovem noivo, esperto e ousado, libertar a pureza da sua noiva dos desejos repugnantes de D. Sapo.
E libertar, igualmente, e de vez, todo o povo de Cardielos das garras do fidalgo.
Mas os amigos de D. Florentim Barreto, ao saberem do atrevimento da justiça popular, logo correram à Corte, a reclamar, de El-Rei, a condenação dos prevaricadores.
Zangou-se grandemente o soberano com esta rebelião sangrenta e ordenou que viesse à sua presença quem cometera tão grave desacato.
Então, os considerados culpados replicaram, perante ele, que haviam recebido, da boca do próprio rei, a ordem de morte de D. Sapo, pois só por este nome conheciam D. Florentim.
E que os motivos das suas queixas eram verdadeiros.
Ouviu El-Rei, ponderadamente, os argumentos das gentes de Cardielos.
E disse-lhes:
- Ide em paz para as vossas terras.
O dito dito. Palavra de Rei não volta atrás.
Feliz com o desenlace, o povo tratou de destruir a torre e o solar de D. Florentim Barreto, para que não restasse memória, nem do fidalgo nem dos seus atos condenáveis.
Restou, porém, para os vindouros, a curiosidade da história aqui narrada.