Nossa Senhora da Paz
Há três anos que o mundo está mergulhado na tragédia mais terrível da sua história milenar. Nas trincheiras lamacentas, rasgadas no coração do velho continente, apodrecem cadáveres de soldados tombados pelo troar das explosões. Os horrores da I Guerra Mundial sucedem-se, em catadupa! E, no palco do conflito, estão Portugueses, combatem homens de Ponte da Barca.
Distante de todo este mundo de aflições e de incertezas, vive o pequeno Severino Alves. Tem dez anos de idade e todo o seu tempo de menino é ocupada a pastorear os rebanhos, nas redondezas do lugar do Barral.
No dia 10 de maio de 1917, Severino inicia o dia cedo, com a mesma rotina de sempre. Mal o sol tinha acabado de espreitar nas alturas do Livramento, já o nosso pastor vai a caminho dos montes com as suas ovelhas.
Nos seus dedinhos de miúdo, correm as contas do terço que reza devotamente, enquanto, com o olhar, tange o rebanho a caminho do pasto. Até que, perto da ermida de Santa Marinha, é surpreendido por uma enorme luz vinda do céu...É um clarão tão forte e tão brilhante que o menino fica estático, possuído por um medo fascinante. Recuperada a lucidez, vencida a emoção que o varreu até ao mais íntimo do seu coração, dá alguns passos, atravessa um portelo, e olha em redor. Severino tenta perceber o que se está a passar...
Nesse momento, avista uma Senhora! Tem as mãos postas e o seu rosto é lindo, lindo como nenhum outro. Veste-se de branco e um manto azul cobre-lhe a cabeça. Toda ela é cheia de luz cobre-lhe a cabeça. Toda ela é cheia de luz e de esplendor! Fascinado com tamanha beleza celestial, o nosso pastor recua uns passos, meio aturdido pela maravilha, e cai por terra.
Não voltou a ver a Senhora!...
No dia seguinte,11de maio, quando passa no mesmo local, o portelo abre-lhe a alma para uma nova visão. Ali está, de novo, a Senhora cheia de graça e de luz.
Severino cai por terra, de joelhos. Olha, depois, o rosto sorridente da Senhora e diz-lhe o que o seu pároco lhe havia aconselhado:
– Quem não falou, ontem, fale hoje...
– Então, a voz da aparição manifesta-se, tranquilizando-o:
– Não te assustes, menino; sou eu!
– Tu, quem?-pergunta Severino.
– A Rainha da Paz...
– Que quereis Vós?
– Quero que digas ao povo que reze o terço todos os dias e que os homens e as mulheres cantem à Estrela do Céu. E as mães que têm os filhos na guerra que rezem também o terço e se apeguem à Rainha da Paz, que eu hei-de acudir ao mundo e aplacar a guerra. E, depois de uma pausa, perante o silêncio extasiado de Severino, a Senhora acrescenta:
– Olha para além, que coisa tão linda!
O pastorinho olha e, quando se volta, vê que a extraordinária aparição já tinha desaparecido.
A sua fé de criança garantia-lhe que acabara de encontrar Nossa Senhora da Paz. Uma alegria imensa enche-lhe a alma. Corre, feliz por ser protagonista de um acontecimento sobrenatural. Ele quer partilhar tão grande maravilha com os seus pais e vizinhos! A notícia espalha-se, de boca em boca. Dois jornais do Porto difundem-na, pelo país. As pessoas começam a acorrer, aos milhares, vindas das mais diversas terras. É assim nos primeiros anos, mas, com o tempo, a afluência começa a diminuir, a diminuir...
Nem seria de esperar outra coisa, pois, no local, nem sequer existe uma imagem, muito menos uma capela. A atenção e a devoção concentram-se em Fátima, onde Nossa Senhora se começara a manifestar a Lúcia, Francisco e Jacinta dois dias mais tarde, a 13 de maio do mesmo ano... E, assim, as aparições da Senhora da Paz, no Barral, freguesia de S. João de Vila Chã, quase caem no esquecimento.
Quase! Porque, no cinquentenário das aparições, a Confraria de Santa Ana promove a construção de uma capela a Nossa Senhora da Paz. O templo é inaugurado, a 15 de setembro de 1969, com a bênção do vigário-geral da arquidiocese de Braga, o então cónego Carlos Martins Pinheiro.
Segue-se a construção de uma cripta, cujo altar é formado por um grande bloco de quartzo cristalizado, o maior existente em Portugal, com cerca de três toneladas de peso. São também erigidos monumentos ao Sagrado Coração de Jesus, ao Imaculado Coração de Maria, ao Anjo da Guarda de Portugal e à paz, este último constituído por um pedestal de quartzo cristalizado, em cima do qual esvoaça uma pomba em bronze. O cónego Avelino de Jesus da Costa, também nascido no Barral e contemporâneo do vidente pastorinho, é o grande promotor de todo este projeto que integra ainda o Santuário de Nossa Senhora da paz, edifício mais recente, em sistema basilical de três naves.
Hoje, este é um centro com assinalável movimento religioso e turístico. O dia maior é o da peregrinação que se realiza no último domingo de Maio. Mas, ao longo de todo o ano, são muitas as pessoas que por aqui passam, gente devota da Senhora da Paz, gente atraída pela beleza natural de um cenário com horizontes largos e convidativos, gente interessada numa visita aos monumentos e à biblioteca-Museu que apresenta uma rica coleção de belos cristais de quartzo, quase todos extraídos na própria freguesia.
Distante de todo este mundo de aflições e de incertezas, vive o pequeno Severino Alves. Tem dez anos de idade e todo o seu tempo de menino é ocupada a pastorear os rebanhos, nas redondezas do lugar do Barral.
No dia 10 de maio de 1917, Severino inicia o dia cedo, com a mesma rotina de sempre. Mal o sol tinha acabado de espreitar nas alturas do Livramento, já o nosso pastor vai a caminho dos montes com as suas ovelhas.
Nos seus dedinhos de miúdo, correm as contas do terço que reza devotamente, enquanto, com o olhar, tange o rebanho a caminho do pasto. Até que, perto da ermida de Santa Marinha, é surpreendido por uma enorme luz vinda do céu...É um clarão tão forte e tão brilhante que o menino fica estático, possuído por um medo fascinante. Recuperada a lucidez, vencida a emoção que o varreu até ao mais íntimo do seu coração, dá alguns passos, atravessa um portelo, e olha em redor. Severino tenta perceber o que se está a passar...
Nesse momento, avista uma Senhora! Tem as mãos postas e o seu rosto é lindo, lindo como nenhum outro. Veste-se de branco e um manto azul cobre-lhe a cabeça. Toda ela é cheia de luz cobre-lhe a cabeça. Toda ela é cheia de luz e de esplendor! Fascinado com tamanha beleza celestial, o nosso pastor recua uns passos, meio aturdido pela maravilha, e cai por terra.
Não voltou a ver a Senhora!...
No dia seguinte,11de maio, quando passa no mesmo local, o portelo abre-lhe a alma para uma nova visão. Ali está, de novo, a Senhora cheia de graça e de luz.
Severino cai por terra, de joelhos. Olha, depois, o rosto sorridente da Senhora e diz-lhe o que o seu pároco lhe havia aconselhado:
– Quem não falou, ontem, fale hoje...
– Então, a voz da aparição manifesta-se, tranquilizando-o:
– Não te assustes, menino; sou eu!
– Tu, quem?-pergunta Severino.
– A Rainha da Paz...
– Que quereis Vós?
– Quero que digas ao povo que reze o terço todos os dias e que os homens e as mulheres cantem à Estrela do Céu. E as mães que têm os filhos na guerra que rezem também o terço e se apeguem à Rainha da Paz, que eu hei-de acudir ao mundo e aplacar a guerra. E, depois de uma pausa, perante o silêncio extasiado de Severino, a Senhora acrescenta:
– Olha para além, que coisa tão linda!
O pastorinho olha e, quando se volta, vê que a extraordinária aparição já tinha desaparecido.
A sua fé de criança garantia-lhe que acabara de encontrar Nossa Senhora da Paz. Uma alegria imensa enche-lhe a alma. Corre, feliz por ser protagonista de um acontecimento sobrenatural. Ele quer partilhar tão grande maravilha com os seus pais e vizinhos! A notícia espalha-se, de boca em boca. Dois jornais do Porto difundem-na, pelo país. As pessoas começam a acorrer, aos milhares, vindas das mais diversas terras. É assim nos primeiros anos, mas, com o tempo, a afluência começa a diminuir, a diminuir...
Nem seria de esperar outra coisa, pois, no local, nem sequer existe uma imagem, muito menos uma capela. A atenção e a devoção concentram-se em Fátima, onde Nossa Senhora se começara a manifestar a Lúcia, Francisco e Jacinta dois dias mais tarde, a 13 de maio do mesmo ano... E, assim, as aparições da Senhora da Paz, no Barral, freguesia de S. João de Vila Chã, quase caem no esquecimento.
Quase! Porque, no cinquentenário das aparições, a Confraria de Santa Ana promove a construção de uma capela a Nossa Senhora da Paz. O templo é inaugurado, a 15 de setembro de 1969, com a bênção do vigário-geral da arquidiocese de Braga, o então cónego Carlos Martins Pinheiro.
Segue-se a construção de uma cripta, cujo altar é formado por um grande bloco de quartzo cristalizado, o maior existente em Portugal, com cerca de três toneladas de peso. São também erigidos monumentos ao Sagrado Coração de Jesus, ao Imaculado Coração de Maria, ao Anjo da Guarda de Portugal e à paz, este último constituído por um pedestal de quartzo cristalizado, em cima do qual esvoaça uma pomba em bronze. O cónego Avelino de Jesus da Costa, também nascido no Barral e contemporâneo do vidente pastorinho, é o grande promotor de todo este projeto que integra ainda o Santuário de Nossa Senhora da paz, edifício mais recente, em sistema basilical de três naves.
Hoje, este é um centro com assinalável movimento religioso e turístico. O dia maior é o da peregrinação que se realiza no último domingo de Maio. Mas, ao longo de todo o ano, são muitas as pessoas que por aqui passam, gente devota da Senhora da Paz, gente atraída pela beleza natural de um cenário com horizontes largos e convidativos, gente interessada numa visita aos monumentos e à biblioteca-Museu que apresenta uma rica coleção de belos cristais de quartzo, quase todos extraídos na própria freguesia.
É assim todos os anos. Porque todos procuramos um dos bens mais preciosos à face da terra. Todos demandamos a aparição da paz! Da Rainha da paz...