Património de Arcos de Valdevez


Casa Solarenga de Requeijo

O característico solar de planta rectangular, provavelmente do século XVIII, apresenta duas torres, ligadas por um corpo mais baixo, compostas por três pisos e coroadas de cubos e esferas, possuindo a do lado esquerdo um passadiço comunicante com a capela lateral de São Francisco. A loggia assenta em arcos, percorrendo toda a fachada. O piso térreo, elemento típico nestas construções, é destinado a arrecadações. O andar nobre integra vergas elaboradas em cantaria ao nível das portas, num conjunto global de grande simplicidade.

Igreja da Lapa

O culto de Nossa Senhora da Lapa, de origem beirã, terá chegado à vila por volta de 1758, apresentando-se o templo concluído em 1767. A igreja caracteriza-se pela singularidade das soluções arquitectónicas que patenteia, nomeadamente pela planta centralizada, pela colocação da torre atrás da capela mor e, sobretudo, por uma ampla e alta cúpula, criando uma solução inovadora e simples. O conjunto, atribuído a André Soares, é marcadamente barroco. O interior, com três elementos característicos de cuidada talha ao nível dos retábulos e grades, é um exemplo típico de estilo rococó.

Igreja da Misericórdia e Cruzeiro

Em 1595 a Confraria da Misericórdia é fundada na vila, acontecimento que promove a edificação do primeiro templo, reconstruído totalmente em 1710. A igreja apresenta-se com uma planta de tipo longitudinal, com portal axial e frontal ricamente decorado, em estilo barroco, apesar de alguns elementos, como o púlpito e coro, serem já neoclássicos. O cruzeiro, localizado no largo anexo à fachada posterior, área do antigo cemitério, é um exemplar do século XVIII composto de dois degraus, base decorada e capitel com representações da vida de Cristo, rematado em cruz.

Igreja de S. Bento

Localizada numa elevação proeminente a oeste da vila, a Igreja de S. Bento, cuja obra foi concluída em 1674, integrou um antigo mosteiro de monges franciscanos, do qual subsiste hoje somente a respectiva casa, apresentando uma tipologia sólida ao nível construtivo e uma quantidade significativa de painéis de azulejo e estatuária diversa no seu interior, num conjunto típico do século XVII.

Igreja de S.Paio

Iniciada a sua construção em 1781, seria finalizada somente no século XIX. Compõem o imóvel o edifício da igreja com planta de nave única longitudinal, capela-mor rectangular, sacristia e outras dependências anexas em ambos os lados. A meio da fachada desenvolve-se uma torre sineira, terminada num coruchéu e antecedida por uma significativa escadaria, num conjunto aparentemente influenciado pela zona do Porto. O grupo de azulejos que reveste o exterior é datado do século XIX.

Igreja do Espírito Santo

A Confraria do Espírito Santo, entidade responsável pela obra, estabeleceu-se na vila em 1549, iniciando a construção do templo em 1647, o qual se apresentava concluído em 1681. O edifício é um elemento de tradição maneirista, com um exterior remodelado no século XIX, segundo um modelo de sobriedade neoclássica. O interior é notável pelos exemplares de talha e pintura dos finais do século XVII e da centúria seguinte, destacando-se, de igual modo, os notáveis exemplares de púlpitos esculpidos, atribuídos ao artista arcuense Manuel Gomes, e baseados em planos originais do pintor Álvares Costa.

Igreja Matriz de Arcos de Valdevez

A igreja foi edificada por mercê de D. Pedro II sobre os alicerces de um templo anterior, provavelmente medieval, nos finais do século XVIII. Caracterizam-na a sua particular riqueza interior, com exemplares notáveis de altares de talha e pinturas dos finais do século XVII e segunda metade do século XVIII. Em 1776 é edificada a capela do Calvário, situada do lado sul, um elemento notável de sensibilidade, formando um conjunto artístico nitidamente de estilo rococó.

Pelourinho de Arcos de Valdevez

Em 1515 D. Manuel I concede foral à vila, facto que impulsiona a construção do pelourinho. Até 1700 esteve colocado no centro da Praça Municipal, altura em que é mudado para a beira rio, sendo posteriormente, em 1895, implantado num largo junto à fachada sul da Matriz. Em 1998 é colocado na sua localização atual. Da autoria de João Lopes, trata-se de um exemplar singular, com um pilar torso e roca cónica, apresentando um fuste robusto enrolado por três colunelos, colmatado por um capitel em forma de taça, decorado com os escudos nacionais e esferas armilares. É um dos poucos exemplares que apresenta o nome do canteiro gravado.

Ponte sobre o rio Vez (Ponte da Vila)

A atual ponte que liga as duas margens da vila de Arcos de Valdevez é uma construção do século XIX, iniciada em 1876 e finalizada em 1880, que substituiu integralmente um exemplar de origem medieval.
Desta primitiva construção não restaram elementos arquitectónicos, pelo que o conhecimento da sua estrutura original assenta numa escassa bibliografia e em algumas gravuras.
O monumento era composto de quatro arcos, de volta redonda, apoiados em fortes pegões, sem olhais, e com talhamares. Existiam de igual modo duas rampas de acesso, que das margens subiam até a um patamar plano. Não são referidas siglas em nenhum dos elementos pétreos da construção, embora a sua existência fosse quase certa, como é característico nos exemplares conhecidos de pontes medievais. Toda a estrutura era marcadamente românica. O período da sua edificação localizar-se-á algures entre os finais do século XII, inícios do século XIII, uma vez que nas Inquirições de 1258 o topónimo “Arcos” surge já referenciado.
A existência da ponte e a sua associação com a feira local, de significativa dimensão e importância no século XV, bem como uma importante rede viária de e para o exterior, estiveram na base do desenvolvimento histórico, económico e social da vila dos Arcos.

Casa do Castelo de Sistelo

Sistelo foi primitivamente uma póvoa medieval, de cujo período parecem sobreviver traços em elementos como a implantação do cruzeiro, do fontanário ou na organização do casario.
O elemento de arquitectura mais destacado é, contudo, bastante mais recente. Trata-se da denominada "Casa do Castelo", um palácio revivalista de planta retangular, com duas torres com ameias a ladear o frontispício e um jazigo Neogótico. O conjunto, que domina uma paisagem natural de inegável beleza, foi edificado na segunda metade do século XIX por um natural da freguesia regressado do Brasil, e primeiro Visconde de Sistelo, Manuel A. Gonçalves Roque.

Espigueiros do Soajo

(IIP, Dec. N.º 8/83, DR 19 de 24-01-1983) 
Na periferia da área urbanizada. num ponto alto dominado por um grande afloramento natural granítico. surge uma eira comum, na tradição da vivência comunal local, ladeada por 24 espigueiros de tipo galaico-minhoto, característicos pelo corpo baixo, alongado e construção em pedra, formando um conjunto classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983. Os canastros construídos em verga, elementos primitivos destas estruturas, desapareceram por completo. Alguns apresentam uma sacralização evidente, patente nas cruzes de topo sobre peanhas, para proteção divina dos seus conteúdos, essenciais à sobrevivência da comunidade local. A cronologia destes elementos arquitetónicos é integrável nos séculos XVIII e XIX.

Mosteiro de Ázere

O mosteiro de origem beneditina é coutado em 1125, sendo o edifício gótico edificado no século XIV e suprimido cem anos depois. Em meados da centúria de seiscentos é reduzido a igreja paroquial e estruturalmente modificado nas Épocas Moderna e Contemporânea.
O espaço apresenta ainda traços da ocupação medieval. No piso térreo, a norte, surge um arco ogival de silhares graníticos; a sul uma fresta apresenta mainel com dois cilindros adossados e imposta, apresentando as ombreiras impostas decoradas com duas molduras horizontais paralelas e pilar decorado na base com motivo vegetalista. No piso superior identificam-se, de igual modo, elementos medievais diversos, tais como o arco abatido, ombreiras e siglas em alguns silhares.

Mosteiro de Ermelo

(MN, Dec. n.º 129/77, DR 226 de 29-09-1977) 
O antigo mosteiro, provavelmente edificado por D. Teresa, adoptou a ordem cisterciense no final do século XIII, integrando deste modo a área sob influencia de Santa Maria de Fiães. Evoluindo com imensas dificuldades, é transformado em 1441 em igreja paroquial, regressando à ordem 1497. Em 1560 apresentava já um avançado estado de abandono, pelo que é secularizado, sendo os seus rendimentos integrados no colégio de S. Bernardo de Coimbra.
Atualmente subsistem ainda algumas das estruturas arquitetónicas da igreja românica e das posteriores alterações realizadas na Época Moderna. Na sua forma original seria uma igreja de três naves e cabeceira com três capelas quadrangulares. O plano original de Cister não foi concluído, provavelmente por dificuldades económicas da comunidade local, pelo que o que vemos presentemente é sobretudo resultado das obras realizadas no século XVIII. A nave colateral foi suprimida, restando somente o arco triunfal da capela (visível no exterior), sendo no lado oposto adaptada a sacristia. Sobre o telhado é visível um dos elementos originais do projecto cisterciense, de importante significado, composto pela rosácea românica, elemento iluminador da nave central. Alguns dos elementos decorativos dos modilhões e capitéis são plenamente integráveis no românico típico da bacia do Minho, mas todo o plano arquitectónico geral da obra é exemplar do modelo típico utilizado pela ordem de Cister. Na zona sul são perceptíveis algumas arcadas pertencentes a estruturas da área regular do mosteiro.

Núcleo Megalítico do Mezio

Integrado no conjunto de monumentos megalíticos conhecidos por "Antas da Serra do Soajo", o Núcleo Megalítico do Mezio incorpora cerca de uma dezena de monumentos, distribuídos por uma zona planaltica de aproximadamente 2 Km, favorecendo deste modo a visita e consequente contato com exemplares únicos destes espaços funerários pré-históricos edificados há cerca de 5000 anos. A área inclui três monumentos intervencionados cientificamente e posteriormente valorizados, as I Mamoas 1, 5 e 6.
O visitante que se desloque ao local tem ao seu dispor informação gráfica informativa sobre os monumentos estudados, permitindo a compreensão de todo o conjunto arquitetónico primitivo, bem como das áreas valorizadas ao abrigo da intervenção global. O núcleo megalítico do Mezio é um caso raro de importância, não só pela informação cientifica que permitiu colher, mas também pela recuperação e valorização patrimonial de um período tão remoto e único.

Paço de Giela

O Paço da Giela é um exemplar notável de arquitetura civil privada medieval e moderna. A sua origem, tal como a do antigo Castelo de Santa Cruz, está profundamente ligada à origem e formação da terra de Valdevez. Quando o castelo cessou a sua atividade como ponto estratégico. a edificação da "casa-torre" de Giela marca um novo momento de proteção e domínio senhorial e régio sobre a área.
Atualmente é visível a torre medieval bem como o corpo residencial com janelas "manuelinas" e entrada fortificada. A torre terá sido construída em meados do século XIV. Nos finais do século XV, inícios do XVI, é edificada a área de residência, apresentando-se concluída em 1573. Em 1662 a artilharia portuguesa provoca danos sérios no edifício ao expulsar o general espanhol Pantoja. Nos séculos XVII e XVIII são feitas diversas modificações no corpo habitacional, iniciando-se a partir do século XIX uma fase de declínio e abandono. Em 1999 o imóvel é adquirido pela autarquia local. Classificado como Monumento Nacional desde 1910.

Pelourinho do Soajo

Monumento Nacional desde 1910, o pelourinho do Soajo é um simples esteio ao alto, colmatado com uma face antropomórfica e um triângulo no topo, a lembrar um chapéu de três bicos. A data da sua edificação é incerta, embora o foral dado à vila por D. Manuel em 1514 possa lançar a sua construção, iniciando a sua funcionalidade de marco jurisdicional. Alguns autores interpretam os seus elementos escultóricos como integrados em tradições locais de autonomia administrativa e política, mas nenhuma leitura é, neste âmbito, suficientemente precisa. O fato de não possuir nenhuma ranhura para colocação de ferros é apontado como justificativo para a sua tardia construção.

Ponte de Vilela

Imóvel de Interesse Público desde 1990, a ponte de Vilela é igualmente simbólica das manifestações arquitetónicas deste tipo existentes no aro do concelho. Assegura ainda hoje a comunicação entre as freguesias de Vitela e Aboim, com uma estrutura característica de rampas de acesso e tabuleiro em cavalete assente em dois arcos, um deles quebrado, de tamanho desigual, e talhamar prismático.
O parapeito é de cantaria aparelhada, estando o pavimento basal, de cariz irregular, assente diretamente sobre o fecho dos arcos.
De construção tipicamente românica, e embora não se saiba a data concreta da sua construção, aparece referenciado um topónimo "ponte" nas Inquirições de 1258, o que poderá supor a sua existência já na primeira metade do século XIII.

Santuário de Nossa Senhora da Peneda

A lenda de Nossa Senhora das Neves e a provável edificação de uma pequena ermida no local da aparição durante o século XIII, criam um cenário de culto durante a Idade Média, solidificado num novo templo edificado no século XVII, e definitivamente desenvolvido e consolidado na área de culto atual, iniciada no século XVIII e finalizada na centúria posterior. O espaço arquitetónico é composto pelo templo-igreja principal, iniciado em 1838 e finalizado em 1857; pelo escadório das virtudes, obra de 1854 que apresenta estatuária representativa da Fé, Esperança, Caridade e Glória; pelo grande terreiro; pelo terreiro dos evangelistas (de 1860); pelo escadório e suas 20 capelas, bem como pelo largo do Anjo S. Gabriel e pórtico principal de entrada com imagem de Nossa Senhora da Encarnação, ambas realizações do século XVIII.
A romaria realizada a 7 de setembro segue a tradição das grandes peregrinações marianas da Época Moderna, onde a envolvente paisagística, nomeadamente a proximidade de um grande elemento rochoso natural e a forte visibilidade favoreceram o desenvolvimento de uma ambiência própria, com maior liberdade festiva e um isolamento espiritual mais próximo das necessidades dos romeiros.

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